L’ESQUISSE

Leo é um menino solitário, introvertido e sonhador. O trabalho do pai obriga-o a ausências prolongadas e ele sofre com isso. Para preencher o vazio refugia-se no quarto e dá vida a um amigo imaginário, seu confidente, uma fonte de imaginação e estímulo de uma paixão crescente pela pintura.

Com o passar dos anos, este interesse, inicialmente substituto do afeto paternal, vai ganhando força. Leo isola-se cada vez mais, enquanto a relação entre os progenitores se degrada progressivamente. A frustração no casal e a separação torna-se inevitável. Leo renega tudo o que se relaciona com a paixão de infância e o amigo de sempre. É um ato de revolta, uma reação à partida do pai.

O jovem é agora o “homem da casa”, assume responsabilidades e entra com determinação no mundo do trabalho. Aos poucos deixa-se envolver pela frieza das relações humanas na competição constante pela superação dos objetivos e singra em termos profissionais, afastando-se progressivamente da mãe, do passado e da criança que antes era.

Leo fez-se homem, mas uma ferida profunda sangra em silêncio até ao dia em que o passado o alcança novamente.